domingo, 30 de dezembro de 2007

Depois de algum tempo você aprende...


Depois de algum tempo você aprende...

a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

a despedida

Sofro por antecipação só de pensar que um dia pode acabar.
olhar nos olhos de cada um e vê um pouco de mim
e vê que tb tem um pouco de cada um em mim,
é mais que recompensador.
Deixo-os certa de que não só passei por suas vidas,
mas deixei parte de mim em cada um.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007





Abril


O Medo da aproximação de um universo próxiMo, mas distante, criou escudos.
Mas a aproxiMação, ainda que teMerosa, desse universo, mostrou um Mundo próxiMo e desconhecido.
e foi tão irreal, tão inenarrável que os escudos tornaraM nada diante dele.
A diferença, que o tornou inconfundível, foi tão expressiva que Me fez cativa, a distância se desfez e o Medo deu lugar à vontade de ficar e não Mais retornar à vida vazia e sem sentido forte e real de ser.
Aquele Abril, que era despedaçado, coMeçou a reunir todas as partes que estavaM soltas pela descrença.
Os seus devaneios, a sua desatenção,a sua ciência e consciência ... até a sua paixão pela Modernidade e o que ela traz [que o escravizam], Me prendeM a esse Mundo.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Do psicótigo ao gótico

Ainda lembro daquela tarde de um dia de semana, numa praça secular com busto e arbustos em volta, como companhia Pessoa e pessoas, começamos a analisar (que pretensão) o psicótico, o bipolar, o desequilíbrio humano, como os opostos dispostos são atraídos... um pelo outro e outro pelo terceiro. Na contradição da relação a trois, ela sea desfaz. E seu legado fere, magoa, ensina, desilude e desapega.

E isso não tem o menor sentido pra quem acompanha como expectador.
O limiar do desequilíbrio de um, prejudica dois, e faz refletir três... resultando numa progressão aritimética.
...
o sagrado naquele momento estava à nossa frente, i
nspiração para falar do profano...
do gótico e do labirinto que tem que se percorrer e se perder para encontrar um sentido do que quer que seja...
do aprendizado com a infância reprimida, da adolescencia reclusa e não compreendida e a repressão de ser o "eu mesmo" sem medo do algoz tutor, referência primeira.

As palavras aqui escritas podem não fazer o menor sentido pra você, leitor.
mas as maiores inquietações humanas são tão particulares que só quem as tem pode entender
e a razão que nos leva a determinadas atitudes, que são totalmente descabidas pra alguns...
mas são claras e aceitáveis no universo da mente de quem as tomou.

Não sei quantas almas tenho


Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que sogue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo : "Fui eu ?" Deus sabe, porque o escreveu.




Fernando Pessoa

poema à minha infância


Onde ficou a minha boneca de cabelos longos e loiros ? E a estrela cintilante que encantava os meus olhos nas noites de estio e que se retratava na lagoa que enfeitava a frente da minha casa ?
Onde ficou o desejo que acalentei com avidez de possuir a bicicleta azul exposta na vitrine daquela loja de brinquedos ?
E onde os dias felizes e descuidados que fizeram a ventura dos meus dias de criança ?
A minha infância que eu perdi quando me disseram que eu já não era menina, que eu não podia brincar de ciranda, nem correr de pés descalços pelas ruas cheias de sonhos e de sol ...
A minha infância que eu perdi no alvoroço de querer ser gente grande, que eu perdi atraida pela miragem do desconhecido...
Por que não me deixaram ficar com aquela boneca em meus braços, com o encanto da estrela em meus olhos, com o desejo de possuir aquela bicicleta azul ?
Por que me acordaram do sonho bom da minha infância e me deram de presente um coração adulto ?
Por que não me deixaram permanecer, indefinidamente, com as minhas cantigas de ciranda, com a alegria de correr com os pés descalços pelas ruas cheias de sonho e de sol ?

Isolda Pedrosa