terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Abril


O Medo da aproximação de um universo próxiMo, mas distante, criou escudos.
Mas a aproxiMação, ainda que teMerosa, desse universo, mostrou um Mundo próxiMo e desconhecido.
e foi tão irreal, tão inenarrável que os escudos tornaraM nada diante dele.
A diferença, que o tornou inconfundível, foi tão expressiva que Me fez cativa, a distância se desfez e o Medo deu lugar à vontade de ficar e não Mais retornar à vida vazia e sem sentido forte e real de ser.
Aquele Abril, que era despedaçado, coMeçou a reunir todas as partes que estavaM soltas pela descrença.
Os seus devaneios, a sua desatenção,a sua ciência e consciência ... até a sua paixão pela Modernidade e o que ela traz [que o escravizam], Me prendeM a esse Mundo.

Um comentário:

Suhelen disse...

e eu Me leMbro Muito beM daquele Mês abril... que abriu uM Monte de caMinhos pra gente, né?

agora atravessaMos os dezeMbros na espetativa de Mais uM abril... coM vários retalhos pra despedaçar!!!

bjos, nandita!
^^

poema à minha infância


Onde ficou a minha boneca de cabelos longos e loiros ? E a estrela cintilante que encantava os meus olhos nas noites de estio e que se retratava na lagoa que enfeitava a frente da minha casa ?
Onde ficou o desejo que acalentei com avidez de possuir a bicicleta azul exposta na vitrine daquela loja de brinquedos ?
E onde os dias felizes e descuidados que fizeram a ventura dos meus dias de criança ?
A minha infância que eu perdi quando me disseram que eu já não era menina, que eu não podia brincar de ciranda, nem correr de pés descalços pelas ruas cheias de sonhos e de sol ...
A minha infância que eu perdi no alvoroço de querer ser gente grande, que eu perdi atraida pela miragem do desconhecido...
Por que não me deixaram ficar com aquela boneca em meus braços, com o encanto da estrela em meus olhos, com o desejo de possuir aquela bicicleta azul ?
Por que me acordaram do sonho bom da minha infância e me deram de presente um coração adulto ?
Por que não me deixaram permanecer, indefinidamente, com as minhas cantigas de ciranda, com a alegria de correr com os pés descalços pelas ruas cheias de sonho e de sol ?

Isolda Pedrosa